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Escadas rolantes

Saindo do vagão as pessoas corriam. Eram cinco horas da tarde e elas disparavam, primeiro pela escada rolante, e quando

Oliphant e Rigby

São sobrenomes distintos, de duas pessoas distintas, não contemporâneas, porém atemporais, de universos artísticos diferentes – uma da literatura, outra

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Festival Dezindie – Som e silêncio

Escrevi esse texto no ano passado, depois de fotografar a banda “E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante” no Festival Dezindie 2018, no Parque Botyra, em Mogi das Cruzes.

Grito de antes/diante do fim do mundo

Multiplicidade do real Tendência, interpretação Explosão ininterrupta do futuro Todos os nossos planos São futuro do passado Desparecem E o que se avoluma é o falso Diante de todas as

Quipã

Preliminar. Tua cara de preguiça. Teus lânguidos lumes. Tua boca esboçando uma lenta fome que se coça. Se aproa do teu peito uma quentura desmedida. Começo a recolher os dedos

Adoniran. Se o Senhor não tá lembrado.

Um dos maiores (senão o maior!) ícones do samba paulista. O cara que falava “Arnesto”, “Pogréssio” e “Tauba”.

João Rubinato (Adoniran Barbosa é nome artístico) tentou a sorte como cantor de rádio e foi gongado diversas vezes. Até que um dia, enquanto cantava um samba de Noel Rosa, o cara do gongo deu uma cochilada e ele acabou sendo aprovado (assim disse Adoniran). Aí, do show de calouros foi para o rádio e acabou tendo grande sucesso não como cantor, mas como humorista.

Mas a despeito desse breve sucesso, Adoniran amargou um grande período de ostracismo, fato que nunca esqueceu. Tanto que na sua comemoração de 70 anos, na homenagem feita pela escola de samba Pérola Negra, ele declarou a um repórter que perguntou se ele estava muito emocionado: “Olha, eu não senti nada. Eu já sofri tanto que estou calejado…”.

Já meio resignado com a vida, também desdenhava da imprensa musical e dos repórteres, não entendendo o motivo de suas músicas despertarem interesse apenas muitos anos depois: “Poxa, porque vocês não vieram me procurar vinte anos atrás?”. Para ele, que no começo desejava ser o Noel Rosa de São Paulo, agora era tarde demais.

O filho de imigrantes que compôs sucessos como Saudosa Maloca e Trem das Onze ainda foi palhaço de circo, ator de novelas, entregador da rua 25 de março e participou do filme “O Cangaceiro” de 1953, primeira produção brasileira a conquistar as telas do mundo e ser premiada no Festival internacional de Cannes.

Um dos pioneiros em usar a linguagem do povo nas canções, Adoniran e sua voz rouca é a cara de São Paulo e de todos os anônimos que circulam por aqui. Além de ótimas histórias, o livro da Coleção Paulicéia – Adoniran Barbosa (Boitempo Editorial) tem fotos, caricaturas, imagens da carreira, o encontro com os Demônios da Garoa e uma detalhada biografia do compositor.

Um poeta do povo, Adoniran foi daqueles artistas feitos para não morrer. Que leitura, senhoras e senhores!

“… A situação tá muito cínica. Os mais pior, vai pras clínica”.

 

Veja o episódio da série “Por toda minha vida”, sobre Adoniran Barbosa:

 

Ouça Adoniran!


O livro da Coleção Paulicéia – Adoniran Barbosa

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Carlos Remontti

Redator, baixista do La Carne, autor do blog TheMusicBooks (http://themusicbooks.com) e taurino clichê. Compra livros, quadrinhos e coisas menos importantes. Acredita fielmente que distraídos venceremos. | @carlosremontti | @themusicbooks
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