Sala Adoniran Barbosa, Centro Cultural São Paulo (CCSP), um dos melhores lugares nesta vasta cidade de São Paulo para se curtir música ao vivo. Para quem não conhece o ambiente, é amplamente recomendável verificar a agenda do CCSP, escolher um show e ir lá. Chegue cedo, dê um passeio pelas sempre boas exposições de artes visuais, uma volta pela biblioteca e pela discoteca também são recomendáveis. Se chegar com o dia ainda claro, não deixe de subir até o último andar e dar um passeio pelos jardins, espantar-se com o som do trânsito frequente e ininterrupto da Avenida 23 de Maio. E depois, claro, Sala Adoniran Barbosa.
Este espaço que, na noite de 26/07/2018, entupiu-se de gente para os shows do Odradek e do Macaco Bong – ou como disse um rapaz afinado nas criatividades: “Odrabong, Macacodek”. Um dos pontos mais bacanas da sala é poder assistir aos shows ora de cima, em uma marquise quadrada, que circunda o palco, ou lá em baixo, praticamente no mesmo nível do palco – que tem cerca de dez centímetros de altura.
Macaco Bong e Odradek acabaram com essa dinâmica: “Quem subiu não desce mais”, me falou a segurança ao impedir que eu voltasse para o andar do palco. Casa cheia mesmo! Cheia e vibrante.
Quem já conhecia Odradek se deliciou com a música afinadamente desforme dos piracicabanos, quem não conhecia se embasbacou, arrebatou, espantou, chocou. Haja vista o verdadeiro levante popular ocorrido ao término do show rumo à banquinha com os CD’s e camisetas. Odradek: se você gosta de música criativa, de arte sonora, de progressões, efeitos, contratempos e poliritmias (nem sei se isso existe), tem uma banda para saborear bem aqui.
Quem já conhecia Macaco Bong, bateu a nave, quem não conhecia, também se feriu com a colisão. Um dos grandes nomes do rock instrumental brasileiro, apresentou o show do último CD, intitulado “Deixa quieto”, uma releitura do antológico “Nevermind”, da banda que é uma das maiores referências do rock de todos os tempos – pessoalmente, para mim, a maior. Confesso que quando fiquei sabendo do lançamento torci um pouco o nariz, “Pô, justo os caras que me abriram os ouvidos pro rock instrumental fazendo cover…”. Mas já o destorci logo na primeira audição, pois não são covers, são reconstruções, remodelagens, resignificações cheias de… Macaco Bong! Aí juntou meu maior referencial de rock com uma grande referência de instrumental e quase torci o nariz de novo: enquanto pulava como um doido no fundo do salão, tropecei numa case de bumbo e quase dei de cara com o chão. Delicie-se com esta fusão de dois grandes primores sonoros aqui.
Depois, acabados os shows, pontualmente às 22:45, corremos para pegar o metrô às 23 horas, só pela graça de pegar o trem das onze depois de jantar música na sala Adoniran Barbosa.
Ah, é importante dizer: os shows foram parte da agenda de Julho do CCSP, especial, pois celebra o “Mês do rock” levando uma série de shows de bandas contemporâneas, autorais e nacionais. A considerar a lotação do espaço para esta noite (e, fiquei sabendo, nos demais que ocorreram ao longo do mês), é bem provável que o projeto se repita em 2019 (se houver 2019).