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Escadas rolantes

Saindo do vagão as pessoas corriam. Eram cinco horas da tarde e elas disparavam, primeiro pela escada rolante, e quando

Oliphant e Rigby

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Grito de antes/diante do fim do mundo

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Quipã

Preliminar. Tua cara de preguiça. Teus lânguidos lumes. Tua boca esboçando uma lenta fome que se coça. Se aproa do teu peito uma quentura desmedida. Começo a recolher os dedos

Quando a música conecta

Há mais de 30 anos escuto música. Isso acontece todos os dias, religiosamente. E de alguma forma, essa relação com a música fez de mim o que sou.

Lembro de ficar horas aprendendo violão e tirando as músicas com aquelas revistinhas de cifra. Era tempo do LP e o barato era se trancar no quarto, ler todo o encarte, aprender a letra e andar de lá pra cá com um vinilzão embaixo do braço.

O tempo passou, me formei em jornalismo, acabei virando redator publicitário, casei com a Tânia, sou pai da Isa e da Nati, encontrei pessoas que curtem música tanto quanto eu e montamos uma banda. Já apareci na TV, jornal, rádio, internet, vendi cds, camisetas, gravei discos e, entre acertos e erros, estamos há uns 20 anos tocando nossas canções pelas quebradas desse mundaréu.

Aí que dia desses, ao falar de som com a Isa, insinuei, do alto da minha arrogância, que aquilo que ela estava ouvindo era muito tosco. E num piscar de olhos, a guría me lança essa: “Legal, né? Você aí cheio de falar de respeitar os outros, aceitar as diferenças, não respeita o que eu to ouvindo. Tá certo”.

Travei. Olha que abusada! Quem ela pensa que é? Eu tinha que devolver na mesma moeda. Tinha que impor respeito. Então, respondi com o melhor argumento de pai que eu poderia ter na hora: “…é…hum… Olha a boca, menina!”. rs…

Passaram uns dias. Aí, do nada passei pela sala e a Tânia estava lendo uma revista e ao fundo rolando uma trilha sonora no Spotify de sucessos dos anos 70 e 80. Só sucesso!

Outro dia, passo pelo corredor e percebo a Nati com o celular na mão, fone de ouvido, dançando pra lá e pra cá e cantarolando uma letra dessas músicas pop chiclete em inglês. “Uh, beiby, iu luuk biutiful.”.

De repente, lembrei da minha adolescência e eu fazendo a mesma coisa. E sim, fiquei todo emo. Veja só o que é a vida.

Mas enfim, o que eu queria dizer após esse começo aparentemente sem importância, é que a gente não se liga, mas de alguma forma estamos todos conectados, saca? No meu caso, a música fez essa conexão, e sempre serei grato a ela por isso.

“Ah, mas a música pop é descartável!”. Sim, claro que é. Mas tá limpo, bixo! Se eu ouço música de um jeito, outra pessoa percebe de outro jeito. Sentimentos e sensações, cada um associa como quiser. E isso é ok!

Na verdade, a gente tem de aprender que cada-um-cada-dois. Eu não vou cobrar das minhas filhas que ouçam meu Husker Du só porque “eu-to-falando-que-é-bom”. A música tá aí pra fazer você encontrar a sua voz. E se você está feliz ouvindo Anita, Rage Against the Machine ou Odair José, tá tudo certo.

Cada canção te pega de um jeito. E esse é o poder maravilhoso de uma música pop de 3 minutos.

Enfim, considerando minha paixão pela música, esse foi um jeito avassalador de perceber que, de alguma forma, aqui em casa estamos todos conectados.

(trilha sonora pra esse post)
Teenage Fanclub – Your love is the place where a come from.

Foto da capa: Giovana Machado

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Carlos Remontti

Redator, baixista do La Carne, autor do blog TheMusicBooks (http://themusicbooks.com) e taurino clichê. Compra livros, quadrinhos e coisas menos importantes. Acredita fielmente que distraídos venceremos. | @carlosremontti | @themusicbooks
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