Preliminar.
Tua cara de preguiça.
Teus lânguidos lumes.
Tua boca esboçando uma lenta fome que se coça.
Se aproa do teu peito uma quentura desmedida.
Começo a recolher os dedos de meus pés:
eis o monstro invertebrado embaixo da chama
que alastra-se em segundos;
aqui estamos banhados em álcool
e o sono afugenta-se entre ritos de partida.
Ergui o braço como um afogado se despede
(ou pede socorro). Engoli a melosa bala da ufania.
Teus lábios reflorescidos de quase outubro
enobrecem os dois talhos resultados da lassidão
das tuas noites.
O balanço do barco me faz náusea ao bailar em meu colo
do marulho de tua voz prestes.
Confundo as cicatrizes e lambo as feridas –
Cão famélico! Maldito cão famélico.
O latido preso na sala amarrando nossas respirações
girando a voragem
no meio de tudo
procuro motivos, sonhos, piedades,
sádicos jogos em volta da bomba.
Me engano minguando o satélite lustroso que descobre a avidez
e exaspero o áspero querer.
Diabinha! Recria brilhos e dores – cozinha-os.
O vapor embaça a lente dos luzeiros
e navegamos na escuridão do tempo.
_ Teus olhos estão maiores.
O anseio da fuga apequenado pela diluição das certezas.
A loucura rouba a moral da sinceridade e detenho-me
a derrubar próximos trechos,
desenho n’água outras partes tuas
e a razão corre pela culatra…
Meus lânguidos lumes…
Ultrapassei.