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Escadas rolantes

Saindo do vagão as pessoas corriam. Eram cinco horas da tarde e elas disparavam, primeiro pela escada rolante, e quando

Oliphant e Rigby

São sobrenomes distintos, de duas pessoas distintas, não contemporâneas, porém atemporais, de universos artísticos diferentes – uma da literatura, outra

Últimos Posts

Festival Dezindie – Som e silêncio

Escrevi esse texto no ano passado, depois de fotografar a banda “E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante” no Festival Dezindie 2018, no Parque Botyra, em Mogi das Cruzes.

Grito de antes/diante do fim do mundo

Multiplicidade do real Tendência, interpretação Explosão ininterrupta do futuro Todos os nossos planos São futuro do passado Desparecem E o que se avoluma é o falso Diante de todas as

Quipã

Preliminar. Tua cara de preguiça. Teus lânguidos lumes. Tua boca esboçando uma lenta fome que se coça. Se aproa do teu peito uma quentura desmedida. Começo a recolher os dedos

Sobre professoras e bruxas

Eu quis ser atriz de teatro de rua, cinema, televisão. Eu quis ser balconista de papelaria
quando atravessava o portal da primeira infância. Eu quis ser americana só pra poder esbarrar
com o Donnie Whalberg do New Kids on the Block em algum beco daqueles cheios de latões
de lixo a caminho dos meus anos de freshgirl no high school. Eu já quis ser menino. No meu
caso, nada sexual. Era pra poder fazer tudo o que os meninos, rapazes, homens, “podiam
fazer” e eu não… Um dia eu ouvi com ouvidos de serval “And she was”, do Talking Heads, no
toca-discos do meu irmão. E o LP inteiro mil vezes numa fitinha no carro, “Cabeça Dinossauro”,
dos Titãs. E “Hey Jude”, na versão em português do Kiko Zambianchi, trilha da novela Top
Model.

E ouvi Twist and Shout naquele filme “Curtindo a vida adoidado”. Então eu não quis ser
mais nada, além de uma escutadora de música e frequentadora de gigs. Descobri que o hit da
novelinha não era do Kiko, era dos Beatles! E, maravilhosamente, aquela canção que fez uma
metrópole estadunidense dançar com Ferris Bueller também era. Foi o rock injetado pra
sempre na corrente sanguínea de uma jovem rebel rebel que nunca mais seria a mesma. Foi a
bomba de cereja da Joan me lambuzando com sua bad reputation. Foi a língua da maior banda
do mundo lambendo minha alma. Foi uma seringa de adrenalina no coração psicodélico da
Uma, foi o beijo muito louco, foi Londres chamando, foi a rapsódia boêmia, foi o flit
paralisante que me deixou confortavelmente anestesiada. Foi a rainha ácida cortando minha
cabeça e a bruma roxa nos meus olhos sem face. Foi o cão Falkor voando comigo, seu Atreyu-
garota, em direção ao sol do buraco negro da resistência artística, musical. Então, entre outros
quereres, resolvi que queria ser professora. Ensinar pequenos seres que cada um é um
universo, único e livre, que eles podem ser astronautas de mármore e bailarinos, meninos e
meninas, gizmos ou gremlins. Ensinar que a consciência humana e a empatia são preciosas e
salvam tudo sempre. Então eu quis ser Bruxa Moderna. E, com uma ajudinha dos meus
amigos, descobri que a arte que eu buscava era mesmo o mundo que eu queria. E que a sala
de aula é tão incrível, tão cheia de possibilidades e tão fértil quanto um palco iluminado.

Tem umas referências culturais aí nesse texto, de música e cinema, escancaradas e
escondidinhas. Uma brincadeira despretensiosa, apenas. Certeza que quem lê as postagens
desse blog vai identificar tudo!

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Bianca Torelli

Mãe, mulher e bruxa moderna. Também professora, lança suas magias em inglês, sometimes.
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