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Escadas rolantes

Saindo do vagão as pessoas corriam. Eram cinco horas da tarde e elas disparavam, primeiro pela escada rolante, e quando

Oliphant e Rigby

São sobrenomes distintos, de duas pessoas distintas, não contemporâneas, porém atemporais, de universos artísticos diferentes – uma da literatura, outra

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Festival Dezindie – Som e silêncio

Escrevi esse texto no ano passado, depois de fotografar a banda “E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante” no Festival Dezindie 2018, no Parque Botyra, em Mogi das Cruzes.

Grito de antes/diante do fim do mundo

Multiplicidade do real Tendência, interpretação Explosão ininterrupta do futuro Todos os nossos planos São futuro do passado Desparecem E o que se avoluma é o falso Diante de todas as

Quipã

Preliminar. Tua cara de preguiça. Teus lânguidos lumes. Tua boca esboçando uma lenta fome que se coça. Se aproa do teu peito uma quentura desmedida. Começo a recolher os dedos

Um momento histórico pra chamar de seu

Woodstock, agosto de 1969. Quase meio milhão de pessoas assistiram àquele que seria o maior festival de música de todos os tempos e um marco da contracultura dos anos 60. Pães, leite, cachorros-quentes e hambúrgueres, LSD, mescalina, maconha da boa, tudo vendido por alguns centavos. Acampamento livre e dormitórios a 1 dólar. O combo de ingressos por 3 dias de festa: $18. Trinta e duas bandas e artistas se apresentaram, como Jimi Hendrix, Canned Heat, Mountain, Janis Joplin, Joe Cocker, Crosby Stills Nash & Young, The Band, The Who, Greateful Dad, Santana, Creedence Clearwater Revival, Sly & The Family Stone, Joan Baez e Ravi Shankar. Em pleno auge da bipolaridade geopolítica, com a Guerra Fria, o consumo exacerbado de tecnologia de um sempre egocêntrico American Way of Life, a Guerra do Vietnã e os jovens contestando tudo isso, fosse no eixo hippie, ou em qualquer outra expressão, como o estilo de se vestir, o uso de drogas, a prática do sexo livre e, claro, o ouvir Rock n’ Roll.
Nunca um estilo musical foi tão presente nas revoluções e reivindicações do mundo. O que será que cantarolavam os israelitas naquele suposto Grande Êxodo? O que estavam ouvindo os soldados da Revolução Francesa? Teria Joana D’Arc e seus parceiros uma OST de responsa pr’aquele pedacinho da Guerra dos Cem Anos? Que som rolava nas reuniões da Rosa Branca alemã nos idos de 1943? O que será que estava tocando enquanto o Muro de Berlim caía? Eu, particularmente, não sei. Mas eu sei o que tocavam os negros escravos das plantações de algodão, lamentando e desejando dias melhores no grande império da segregação. Também sei o que rolava quando a mulherada resolveu queimar sutiã e tomar pílula pra poder transar mais à vontade, viver mais livre. Eu sei o que estavam cantando quando perceberam que a paz era merecedora de todas as chances no mundo.
Quantos outros momentos históricos tiveram uma música pra chamar de sua? E quantas canções hoje esperam um momento histórico pra chamar de seu?
Bem, eu aqui, no universo interior imenso e complexo do meu ser, venho trabalhando pra que todas as minhas batalhas pessoais e evoluções conquistadas a duras penas – que são meus momentos históricos particulares – estejam cuidadosamente embaladas pelo ritmo quente das grandes revoluções do mundo.

*Em tempo: no nosso país tropical, o rock demorou pra acontecer e a revolução recente mais dolorida foi banhada pelas águas mais calmas da música nacional. A trilha sonora dos anos de chumbo brasileiros, que, tristemente, se anunciam novamente como a ressurreição/salvação da pátria perdida, era basicamente a MPB e assim a juventude protestou caminhando e cantando e seguindo a canção. Qual será a trilha sonora da nossa próxima revolução, Brasil? É bom ir preparando o repê…

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Bianca Torelli

Mãe, mulher e bruxa moderna. Também professora, lança suas magias em inglês, sometimes.
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