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Uma longa queda – NICK HORNBY

Um livro sobre os suicidas mais legais de Londres.

Nick Hornby é conhecido como um dos pais da literatura pop. Seus dois primeiros livros, Febre de Bola (1992) e Alta Fidelidade (1995), foram sucessos de público e crítica, dando um empurrão para o então professor largar as aulas e se dedicar integralmente à literatura.

Amante incondicional da música – ele mesmo já declarou que escreve livros porque não pode escrever canções – os livros de Hornby são cheios de referências musicais, muito senso de humor, além dos constantes personagens desesperados e solitários. Enfim, gente comum, sem heroísmos, indecisos, com seus dilemas, o fim de um namoro, etc.

Não há nenhuma estrutura inovadora e nem estilo revolucionário na escrita de Hornby. É sim aquele tipo de leitura veloz, que você devora páginas e mais páginas sem perceber. Páginas que parecem serem escritas sobre você em algum momento de sua vida.

Uma longa queda

Em Uma longa queda, depois do envolvimento com uma menina de 15 anos, Martin, apresentador de um programa de entrevistas em um canal de TV a cabo, perde o emprego, a mulher o abandona, as filhas não falam mais com ele e seu rosto é estampado nos tablóides de Londres como tarado e pervertido.

Então, depois de pesar todos os prós e contras, Martin resolve acabar com a própria vida na noite de ano-novo. Quer data melhor do que essa? Todo mundo feliz, abraços, presentes, e ele acabado, desiludido, um fracasso total. Ora, não tem suicida que agüente. Porém, nessa mesma noite de ano-novo, mais três pessoas que achavam que a vida lhes devia uma satisfação, tiveram a mesma idéia de Martin.

Claro, além de terem tido a mesma idéia, Hornby faz os quatro subirem no mesmo prédio, no mesmo dia e horário. Após compreenderem a estranha situação que os une, e frente ao incômodo de ter de esperar sua vez para pular, os quatro começam uma conversa, digamos, pré-suicídio.

Enquanto comiam uma pizza, sentados no parapeito do prédio – sim, um deles era entregador de pizza e resolve acabar com a vida durante o trabalho -, eles descobrem que ainda não podem se matar pois têm assuntos pendentes a resolver. Após uma negociação um tanto quanto inusitada, marcam o suicídio coletivo para algumas semanas depois, mais precisamente no dia dos namorados. Outra data marcante para os suicidas, claro.

Hornby usa o cômico para quebrar o gelo e tratar de um assunto tão delicado quanto o suicídio, e não se espante caso você se pegue rindo dos absurdos diálogos. Eles estão por toda parte.

No livro, cada capítulo caracteriza-se por um personagem contando sua versão dos fatos. Martin, o apresentador de um canal a cabo que quase ninguém vê, envolvido em um escândalo com uma menor. Maureen, a religiosa que passa a vida só cuidando do filho que vive em estado vegetativo. JJ, um músico que se questiona sobre o fato de sua banda ter recusado uma proposta de contrato feita pelo empresário do REM. E Jess, a filha do Ministro da Educação da Inglaterra, uma adolescente que odeia livros e quer se matar porque perdeu o namorado.

As eternas referências à cultura pop, a diversidade de emoções, a literatura com cara de cinema e junto uma trilha sonora assustadoramente perfeita, tudo isso nos faz perceber o quanto um livro pode ser simples nas mãos de quem sabe contar uma boa história.

Ah sim, já tem um filme sobre o livro. Essa é a trilha sonora. Coisa fina.

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