Esperar o ônibus é uma atividade interessante. Normalmente paramos, esperamos e… é só isso mesmo, gente! Uma checada no feed do Face, uma ignorada naquele grupo do WhatsApp, mas nada além disso. Nada mais acontece no ponto. É assim que começa nosso dia de trabalho. A cabeça pende para o canto esquerdo onde aquela rua ou avenida se torna a esperança mais cobiçada de uma manhã rotineira. Quando um ônibus aparece apuramos nossa visão recheada daquela súbita esperança, mas é nessa hora também que verificamos a possibilidade de ir ao oftalmologista, aquelas letrinhas miúdas e brilhantes dos letreiros provocam uma emoção na gente.
Numa dessas esperas fiquei a pensar uma série de coisas: Desliguei o fogão após fazer o café? Alimentei o cachorro? Tranquei a porta de casa? Essa é a campeã, sinto que até hoje nunca tranquei a porta. O ponto se torna o lugar da revisão e certificação dos afazeres domésticos. Foi numa dessas revisões casuais que fiquei a olhar para o céu. Nessa de se encantar com pensamentos perdidos nas nuvens distrai-me por um segundo, dito e feito, meus olhos procuraram o canto esquerdo da rua -aquele da esperança- meu ônibus ia passando. Quando isso acontece o coração parece querer saltar pela boca junto com um grito – Ôôôhhhh!!!- Pus-me a chacoalhar os braços e a gritar, inútil desespero, parecia mais que eu estava tentando impedir um atropelamento do que tentando fazer que o motorista me enxergasse. Dois segundos depois e ele já ia longe. Neste momento, sentimos uma depressão, pois é, perder o ônibus nos deixa com aquela sensação de vazio existencial. Dá até vontade de cavar um buraco no ponto e colocar uma lápide: Aqui jaz um passageiro esquecido.
A sensação de perder um ônibus está na lista das primeiras depressões do dia, disso não tenho dúvida, e ser for na Segunda-Feira, então? É sentar e chorar, quer dizer, sentar e esperar.

Escadas rolantes
Saindo do vagão as pessoas corriam. Eram cinco horas da tarde e elas disparavam, primeiro pela escada rolante, e quando